No ano passado, trabalhei, inspirado pelo livro “O desafio de pensar sobre o pensar: investigação sobre a teoria do conhecimento” escrito por Alberto Thomal, com a método dialógico socrático, mostrando que a busca de Sócrates era orientada por um refinamento das opiniões, elevando-as ao lógos. Meu interesse, no entanto, não era utilizar o filósofo grego como paradigma do pensamento grego clássico, mas mostrar aos alunos que dialogar é uma tarefa filosófica e, ao mesmo tempo, ética, pois exige pré disposições pessoais. Assim, a ideia da aula era apresentar aos alunos uma espécie de ética do diálogo como princípio da filosofia.
A fim de explicar melhor as razões que me levaram a propor esse tema, é preciso esclarecer que o livro de Alberto Thomal é dedicado à Teoria do Conhecimento, trabalhando com questões elementares que envolvem questões sobre linguagem e sentido, levando em consideração, é claro, a capacidade cognitiva dos alunos. Existe, nesse livro, um capítulo específico sobre Sócrates, intitulado “Um Sócrates para nossos dias” que explica de forma interessante a filosofia socrática articulando-a com o pensamento de Paulo Freire. A partir desse mote iniciei uma discussão com os alunos orientada para uma ética do diálogo, que tinha como princípio três regras, ou melhor, três pré disposições que os interlocutores deveriam ter para dialogar. Ora, essas quatro regras, necessariamente, não foram extraídas do pensamento socrático, mas daquilo que eu, enquanto professor e, a partir de outras leituras filosóficas, acredito ser importante no contexto de ensino do 6º ano, no qual as habilidades e competências são, em grande parte, morais. Abaixo segue as quatro regras que propus (é claro que podem ser agregadas outras, porém, creio que estabelecer muitas regras podem confundir os alunos):